Helicópterodatilografititânica - EP
Manifesto
A construção da nossa realidade humana, por mais física que exista em si, não passa de uma impressão virtual de uma subjetividade coletiva que se imprime individualmente a fim de representar uma vida. Como espécie neste planeta a humanidade ora voa alto em seus sonhos ora despenca em seus infernos privados e leva consigo tudo que alcança.
Nunca tivemos melhor época para estar vivos, embora a fome e a miséria ainda sustentam as riquezas feudais que se arrastam pelos séculos. Na periferia, ainda que nos holofotes, há a arte como invenção tecnológica que em sua imanência transcende percepções que insistem em ser estanques.
O que hoje é entregue ao mundo é um corpo para além de seu gênero
contém em si o que há de mais humano:
o fascínio do primeiro primata ao observar o fogo;
a hipocrisia que cegou olhos que nunca deixaram de enxergar;
uma música impossível;
a revolução incessante e invisível;
o encontro do oceano com o rio,
agrotóxico no pulmão ribeirinho.
A redenção pelo amor em tempos de ódio j’accuse ser uma aberração. O gavião que ao invés de caçar acompanha as máquinas transformando o cerrado em deserto verde e se contenta com os cadáveres, aqui jaz o som da democracia enforcada pelos colarinhos brancos, o mesmo que se ouve na câmara de gás da polícia federal.
A tinta que revela estas linhas e traços revela a obesidade mórbida da
burocracia que fale os simultaneamente todos os órgãos da cidadania, a mesma que imprime o déficit de atenção das classes mais abastadas pelos direitos dos menos favorecidos.
Seu eco nasce no país que gado tem mais acesso uma terra para viver que pessoas, na cura em intermináveis parcelas, nos pregos das calçadas nascidos no coração gentil da arquitetura hostil, lobo-guará correndo da soja.
Apresentam-se aqui os graves retirados diretamente do brado
retumbante reverberado pela carcaça do tatu atropelado em nome da
velocidade obsessiva das estradas assim como gemem as almas escravizadas nas casas de boas famílias, fábricas ou fazendas que em sua riqueza são despercebidas pela cega justiça, se seu corpo clama por esta ânsia, aqui está Helicópterodatilografititânica.
Lançamento oficial: 01.01.2025
Formato: digital
Créditos
Yael Torres – Baixo, mixagem, masterização, produção, quadro a óleo e vozes de fundo.
Fanu Najima – Ilustrações
Paulo Ferreira – Captação da bateria
Francis Antônio – Bateria
Xi Drinx – Todo o resto
O canto do jatobá foi escrita em 2021
Guantânamo foi escrita em 2020
Dentro do seu foi escrita em 2022
A gravação da bateria aconteceu em 2023 em São Manoel,
Correntina, Bahia.
A composição, captação e gravação do baixo em 2023 no Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro.
As vozes e guitarras em Barreiras, Bahia em 2023.
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