ManuScritos


                                               

 
Diálogo com a fotossensibilidade

-Como vai minha amiga? Há quanto tempo!
-Vou bem, vou bem, ando me sentindo como Deus…
-Como Deus, como assim? Porquê?
-Estou nos olhos de todas criaturas vivas.

Desejo do Interior

Se eu cesse
Que nem esse
Eu era bom
(12/02/16)

  CONSELHO

 O céu é o reflexo da Terra
Eu disse a ela
Que buscava lugar para pousar
Ora, busca vã é essa, pela terra?
Se essa nunca lhe saiu do lugar
Já que o chão buscas,
 Basta-te apenas caminhar
Mesmo o céu sendo reflexo da Terra,
Por lá, pode-se apenas voar.

(11/12/15 19:00)





Sucididas Populares; Experimentação com poesia concreta 15/12/2015

 


Crônica dos Náufragos Pessoais



As mãos se escorregam; fugidio
Medo, peso, pânico
Por um fio

Pode o mesmo barco naufragar tantas vezes no mesmo lugar? Era isso que aqueles dois corpos se perguntavam mais uma vez, e mais uma vez, indo de encontro ao último sopro de vida, asfixia, afogamento, frio, o descanso da última morte estava tão bom, por que acordar? Porque voltar? Se esse barco sempre vai afogar aqui? Uma segunda voz interpelava o pensamento;

-É por que achávamos que dessa vez terminaríamos a viagem vivos, não se lembra?

A essa altura a água já tinha entrado por todos os locais possíveis, já não tinha mais vida.

Por arranjo do destino, dois corpos se tocam pela última vez, mas, que grande pena, sequer estão vivos para poder sentir a pele do outro, morte, morte morte, mais uma vez aquelas vidas se sentam para tomar um chá com a Entidade do Manto Negro, depois vão dormir, o chá é uma cortesia oferecida á quem morre com os pulmões frios.

No local em que se encontravam havia um enorme dormitório, algumas pessoas chegavam para se deitar para sempre, outras, nem tanto, havia também quem estava de chegada, mas essa hora nem importava, na verdade, ali pouco ou quase nada importa, pensando assim, uma daquelas almas pensaram em como a morte era igual à vida, faria mesmo diferença tomar aquele chá?
Bom, esse pensamento também é vão, logo é hora de dormir, e quem sabe, acordar para um novo naufrágo, ninguém que está aqui há tanto tempo tem alguma esperança que vá ter algum resultado diferente, no fim é sempre isso, morte, morte e morte,
                                                                                       para todos,
                                                                                                          afinal,
                                                                                                                    sempre,
morte. 

16/11/2015

Reticências



Reticências
Pontos negros
Em ausência
01/11/2015

Trafégo Interno

Uma hora qualquer, por descuido, um estilhaço entra no seu pé,
rasga a pele, sangra, nessa hora o coração pensa,
lá se vai todo meu esforço,
vazando por um buraco fosco,
por puro descuido,
uma brecha se torna um fosso.

Daí então, aja terra para preencher, aja curativo para sarar,
mas já é tarde,
a terra já se banhou com os esforços que o coração um dia teve;
bombear, querer alimentar, mas por um descuido,
acaba só banhando a terra,
aquele oxigênio não vai mais para o cérebro,
aquelas plaquetas não vão cicatrizar nenhuma derme,
só banhar a terra.
A terra, ah... a terra, essa que já estava seca,
sente algum gosto,
inesperado, saboroso, cheio de vida,
agora se deleita com o banquete que o acaso lhe serviu,
sustentado por boas doses de sinapses dolorosas a um cérebro que perdeu uma obrigatória de oxigênio, mas isso não importa, nem o buraco, nem o cérebro, nem plaquetas, nem a própria terra,
a única coisa que realmente vale é que agora tem algo para deglutinar silenciosamente na calada da noite,
que tem como único som a melodia torta de passos dolorosos,
de um pé furado,
de um caco de vidro triunfante
 e de um pedaço de terra sibilante.
02/09/2015

O vento

De vez em quando, era como se alguma espécie de brisa vinha pelo sul da cidade só para avisar que o fim tinha passado, fim de que? Fim para quem? Todo mundo se pergunta, ah, mas ninguém sabe como o vento o que acontece em cada uma daquelas janelas abertas, semicerradas e fechadas, por ali tinha tanto com o que se aprender, mas, esse aprendizado não é responsabilidade do vento, ele só passa para lembrar, assim como o carteiro que vem com sua  voz rouca batendo palmas, trazendo notícias de algum outro lugar, pensando bem, esse carteiro é bem parecido com o vento, não acha?
Depois que cada casa daquele lugar recebe sua lufada de novidade, as ideias na cabeça ficam mais arejadas, mesmo quem passou pelo pior da vida, ou quem acaba de o conhecer, recebe a mesma dose de vento fresco, do sul, mas será que é mesmo justo todos receberem igual? A felicidade de cada um é tão díspar... Assim como as ímpares tristezas que sobrevoam aquele lugarzinho, mas o vento é indiferente, se dá do mesmo jeito para qualquer pessoa, justiça não é problema seu, apenas passar, avisar, assim como o carteiro, ele não se preocupa se as notícias são boas ou ruins, apenas as entrega.
Ao fim, o vento some daquele lugar, vai para outro, que, ao chegar pelo sul, vai avisar de novo, em cada casa, com flores na janela ou vidros quebrados, ou até mesmo as de janelas que nunca se abrem, ou até mesmo aquelas que nem janelas tem, por não terem nem paredes direito, o vento segue, ao sul, trazendo o novo, de novo e de novo.

05/07/2015

Soneto da Noite

Olhos verdes lendo o mundo pela noite,
O receio quase encobre suas retinas
Ao longe shorts se apertam
Mas não se sabe para o que se destina

O vento faz curvas pelo tímpano fugitivo
Um cão late em uma esquina por instinto
A poeira se repousa calmamente em um portão
Enquanto olhos acompanham até o horizonte um caminhão

Qual destino isso tem?
Quando isso acaba?
É o que se instiga, a madrugada

Perder-se ao vão
Achar-se ao léu
Esconder-se em um chapéu
30/03/2015



Biografia

O amor se foi
             O gato morreu
O cão envelheceu
            O pai calou
A mãe adoeceu
           O dinheiro faltou
O peito doeu
           O coração necrosou
O frio chegou
           A chuva caiu
A rua inundou
          A lama sujou
O choro lavou
         A garganta soluçou
O passado marcou
          E hoje eu
                    não
          mais
 sou
12/03/2015



Epifania Cubicular

Não era madrugada, pelo contrário, aquela parte do dia acabara de começar, as chaves estavam sobre a mesa, a porta trancada, mas a janela, essa sempre ficava aberta, por alguma razão parecia ser melhor assim, por lá ver o sol, ver a noite, não era ruim.
Uma sinfonia ainda indecifrada vinha da rua, mas eram desconhecidas as notas suas, um campo harmônico que é presente porém não racional, começava com um rugido de motor e terminava com o latido de algum animal. Algum não, na verdade era sempre o mesmo cachorro de sempre, o cenário nunca mudava, mas tudo que compunha aquela orquestra sempre se alternava, ora era o barulho de uma bicicleta misturado com o bater de um portão, ora era o vento assoviando pelos telhados ou um vizinho tocando violão.
Cena típica, faz até pensar que a noite por ali não era tão violenta, mas sempre quando chegava até a sacada pensava, será quem hoje se deu bem? Quem se deu mal? E eu estou em qual dessas classificações?
Mas não era todos os dias que podia ter o luxo de pensar, as vezes a rotina era a coisa mais violenta que podia se encontrar; ao fim da semana estava lá, um corpo jogado na cama como se fosse o resto de um vendaval, junto com roupas suadas e um cansaço sobrenatural.
Saía de casa sempre, mas gostava de ficar por lá, gostava da rua, mas a rua nunca foi um lar.
É sempre de passagem, por acaso, uma hora dessa parava para pensar; geralmente quando um jazz afrofuturista estava a tocar, que nessas idas e voltas alguém sempre ficava no passado, e outras só no futuro, enquanto seu corpo transitava entre os tempos do seu mundo.
Por acaso, nessa hora, o olhar ia para um copo sobre a mesa, louças sujas e outras sutis belezas, que vinham encher a paisagem, até dar um pouco de saudade, sobre algo que aquela epifania momentanea lhe trazia, uma voz doce, lá no passado, acordando do lado e dizendo; bom dia.
Não era madrugada, pelo contrário, aquela parte do dia acabara de começar, as chaves estavam sobre a mesa, a porta trancada, e um mar de sensações invadiam de novo aquele lugar.
11/02/2014

E se um dia o passado bater a sua porta, fuja

Um rasgo, um afago
Foi de repente, mesmo não sendo
Quando fecho os olhos, estou lá
Foi de repente, mesmo não sendo

E, se cada parede que ouviu
Meus gritos
Junto com cada metro quadrado de chão
Que bebeu minhas lágrimas
Te contasse tudo, você ainda não entenderia

Um rasgo e um afago
Peito aberto, sangue regando pedras
Um rasgo e um afago
A própria vítima, e a própria fera

Hoje o tempo se arranca
Está mais longe do que parece
Hoje deus é só mais um surdo
Pelo qual rogo preces



Desejo

Um rasgo e um afago
Era melhor que cicatrizes
Seu futuro de asas abertas
O meu com diretrizes

Não precisa ler
Não precisa ter saudade
Não precisa nem pensar
O fim já chegou e levou
Tudo que tinha para acabar

Alguns cacos ainda não foram varridos
Alguns loucos ainda não são varridos
Ainda não estou exaurido
Do destino
Se ainda
Sentir
Dor

14/08/2014

Me abraça, noite,
Só me abraça,
Cobrir tudo não vale,
Tem que estar

Quero estrelas em mim também,
Quero brisa soturna nos olhos,
Luar na pele inteira,

Ser noite noite,
Dos meus pés,
Até sua cabeça

Me abraça noite,
Como se eu fosse alguma dessas ruas
Que silenciosamente,
Aos poucos,
Se tornam suas

Traga sua brisa fria, para me agasalhar
Quando for noite, quero descansar

21/05/2014

Crônica do Bêbado Viajante no Tempo

O plano era simples, na verdade, não era nada demais; uma visita com fins de reflexão introspectiva, (re)ver, (re)sentir, (re)pensar sobre a própria vida. Em sequência, tomei aqueles dois goles que são recomendados no rótulo amarelo e vermelho da garrafa, me sentei num banco de uma anônima praça. A forma que meu corpo se organizou para a sequência dos fatos era familiar, alguns átomos a menos, mas nada tão alarmante...
Ali mesmo, sentado, comecei a ver o semblante de imagens familiares de uns anos atrás a se figurarem pela rua em que eu estava, não demorou muito para que pouco a pouco visse rostos e mais rostos que não se encontram mais em minha convivência, passavam, até falavam, mas sua língua não me era conhecida, nessa hora fiquei questionando minha consciência passada, falara eu um dia essa língua? Esquecera? Ou será que nunca dominei esses códigos? A dúvida reverberou pelas minhas ondas sinápticas, até que, pelo choque quase nuclear causado por uma nova visão eu simplesmente esqueci de tudo que fora fazer ali. Despontava na esquina duas figuras resplandecentes, era por isso que eu tanto esperava, o impacto se tornava mais forte cada vez que aquelas figuras se aproximavam, era um casal, não tinham uma face de verdade, eram apenas uma silhueta colorida que se seguia do nada para o nada em minha mente, sem antes, sem depois, passavam e de seus espectros eu senti algo que não poderia mais ter nos dias que não tenho minha garrafa de rótulo amarelo e vermelho, me aproximei das figuras, como se fosse um espelho vi meu reflexo mais jovem, também vi ao lado, uma figura que se tornou uma memória perdida, com um sorriso bonito.
Não poderia demorar, minha visita se estendera demais, pedi a aquelas figuras que enchessem minha garrafa com um pouco da sua essência. Tomei. Acordei.
A praça voltou aos anos atuais, pombos comiam o pão que deixei cair enquanto estive fora, um policial se aproximava, eu tinha de ir senão podia apanhar, saímos; eu, minha garrafa, um saco com coisas tão velhas e tão preciosas que cada uma delas merecia uma história como essa, quem sabe eu ainda te conte, mas agora, é hora de partir, tenho um outro compromisso com minha existência, pois é hora de acender minha fogueira debaixo da ponte.
05/04/2014

Havia facas fazendo o corte rotineiro em sua pele enquanto corria no sol, a poeira assentava em seus ferimentos mas não fazia diferença, o sangue corria, mesmo que caísse fora de suas veias, havia o suficiente para manter o ritmo, pés descalços no chão asfáltico, pés descalços que no fiar das teias do tempo perderam seus traços, mas o sangue continua lá.
Havia também uma sinfonia zonza que persegui aquele corpo que corria, seu peito inspirava o ar daquele espaço, embora não fosse ideal, sabia que não era mais onde se encontrava, a fuga continuava, sempre continua, enquanto houver pé, chão e sangue, a poeira e os ferimentos são só detalhes, temperos.
Depois de um tempo se perguntava, onde estão os pés de quem eu conhecia? Num esgoto boiando? Atrás de suas cabeças, nas nuvens? Em sapatos confortáveis? Em todos esses lugares? Existem pessoas suficientes para se encaixar em cada opção, mas, enquanto o devaneio recorria, o chão se passava e novos horizontes se descortinavam em seu panorama, preço, corrida, suor, vida.
19/01/2014



14 de junho de 2013

O Corpo

Fiquei surdo pelo barulho das máquinas
Fiquei cego pelas luzes dos automóveis
Na sarjeta farejei papéis multicoloridos
Tudo ainda era vibrante, porém descartado
Assim como meu coração, ali, naquela calçada
Foi um adeus que me trouxe aqui,
Uma simples palavra me deixou assim
Me fadou a um destino entre os corpos
De animais atropelados, de cama feita
Com as mais sujas folhas de jornal
Por mais que o corpo seja surrado
Escorraçado pela polícia
Marginalizado pelas regras
Esfomeado em frente ao restaurante
Mão estendida na porta do banco
Contraste, preto no branco
Havia um brilho no suor
Um brilho no olhar
Antes disso tudo
Chegar
             Acabar

11 de Junho de 2013 - 23:12



Sentado na porta do próprio funeral

Sempre o último a saber;
Segredos como navalhas
Cortando línguas e corações
Criando linhas, tecendo estradas
Em direção ao espaço reverso
Onde há um retrocesso
A convulsão do progresso
Lambe os lábios enquanto peço
Para andar em estradas
Feitas de navalhas
Sem sandálias
Precisei demais para reconhecer
O que você poderia saber
Agora só nos resta perder
O pouco que nos guardamos para ter
Como uma ostra criando pérolas
Em uma fazenda subaquática
Crio horrorizado de forma clássica
Este poema e sua desgraça
Para andar em estradas
Feitas de navalhas
Sem sandálias
3 de junho de 2013

Panaceia

De cima da cama
Fingindo ser uma maca
Tendo uma ulcera
Querendo que fosse câncer

Lambendo as feridas
Igual a cães nas ruas
Carne dilacerada por si só
O coração é uma bomba

De sangue, de espinhos
De gás lacrimogênio
5 de maio de 2013

A Fala da Esfinge

A esfinge no meu quarto me diz;
Toda vez antes de dormir;
Ao abrir a boca;
Estejais pronto para se devorar

O espelho se quebrou
Um dos cacos sou eu
Deus furou seu pé;
Seu descuido criou a vida

"Devia se orgulhar de ser tão pouco"
Disse uma índia que;
Se transmutava em formiga e elefante
Cada vez que mudava de assunto

São as coisas da vida,
Aquelas que estão no mundo

Aquela faca afiada,
Que era minha namorada
Numa depressão, cortou
Os punhos de deus

e de novo
Seu descuido criou a vida

Der
     ra
        mou
              si

                      Em um contraste onde podíamos ver claramente o começo e o fim.
Oração Para Os Mentalmente Incapacitados de Domingo
        Constatação Metafísica

        Os átomos estavam ricocheteando como sempre fazem, sem emoções ou qualquer outra espécie de reação, eles não são assim, são apenas movimento, não estão nada a não ser em movimento.

        A vida é um átomo.

        E quanto aos olhos cor de mel? Perguntava o cérebro que naquele domingo já tinha trocado de lugar dezenas de vezes com dezenas de outros órgãos; coração, estômago, pulmões, até mesmo se dissolvido e circulado em ondas trôpegas pelas artérias. Eles, os olhos cor de mel, estavam em algum lugar a bairros de distância, deleitando-se de sua vida, juntamente com outras sensações que o conjunto de um corpo prevê, expansão, atordoamento...

        Deus é o vento.

        Todas as peças se jogam, ou são jogadas? As dúvidas cerceiam a questão da mão e os dados, principalmente por que, a mão joga o dado, mas o dado captura a mente, então quem joga quem? É como pensar a respeito do vento e nuvens e toda a escuridão artificial que criamos em nossos quartos em pleno dia ensolarado só para ter alguma sombra ou tendência cinza nos assombrando, apenas lembrando que existe medo dentro de nós, não é na parede, não é na sombra, o medo está em nós, a sombra, o céu ensolarado continuam lá fora, e os átomos colidem com o universo indiferentes.


1 de março de 2013

Sou uma verdadeira topeira

Ando em tempos, ando há tempos, escavando alguns túneis pelas existências que tenho tido, todos os dias, como folhas de papel sendo passadas num livro feito de areia, vento, sol, água, poeira, barro, argila, homem então, dizem que é de carne, que é de sangue, mas na verdade, tenho prestado mais atenção nas unhas que crescem da minha cabeça, ou seriam chifres? Sei que tenho escavado há bons tempos alguma espécie de túnel, procurando alguma espécie de saída para algum lugar, numa função de construtor-máquina, cavando buracos, fazendo conexões sob alguma coisa concreta que nem sei direito do que é feita, até por que não me atento para esse tipo de coisa, com o passar dos dias (ou serão folhas levadas pelo vento?) eu tenho me dedicado mais a minha função, seja ela qual for, mas tem funcionado, as estradas foram feitas e alguém pode caminhar, muitas saem de lugar nenhum e levam a algum lugar, mas quem sou eu para querer dar importância para o valor que o que faço tem? Isso é de cada um, aqui embaixo eu só faço o que eu acho que devo, faço o que acho que é útil, me distancio dia após dia do que eu acho fútil, funções, trabalho, organização...
Faço aqui no solo, acho que até já faço parte dele, como não enxergo direito, não sei de verdade se sou algo ou uma parte de um todo, mas também sou indiferente a isso tenho coisas mais importantes para fazer, como cavar cada vez mais fundo, um dia vejo o que Julio Verne almejou com seu livro Viagem Ao Centro da Terra, acho que eu estou nela, embora a luz me atraia de vez em quando, enquanto eu cavo, eu ando...


22 de janeiro de 2013

Lembranças de um futuro próximo que de vez em quando se antecipa



Uma resignação cobre o peito cada dia, é como uma sombra do fim dos tempos, na verdade uma sombra da velhice, uma sombra de uma maturidade forçada, uma sombra de um futuro câncer alimentado dia após dia com conta-gotas de frustração, de problemas não resolvidos, de ciúme alastrado.

Uma compaixão às avessas, uma estaca feita de sorriso falsos.

Fecho os olhos, estão todos mortos, não existe mundo lá fora, só o aqui, o agora
Na verdade, é tudo uma abstração de mim mesmo, é tudo feito, de medo, só corro, socorro.
As mãos estendidas no chão foram arrancadas dos braços, e das famílias só sobraram os laços.

Canções saíam da pele que era acariciada por um açoite total e cheio da razão, acertando pontas como se corta papel, colocando os créditos em dia, só ria, sorria.

Mantra da fera ferida



desgaste
dez gaste
di sgate
diz cape
de escape


10 de dezembro de 2012

Poema Sem título



Meu sangue é um líquido que escorre
Pro universo
Através de
Dores eu me liberto

Contato natural, queda livre
Ferida aberta sangrando
Expressa uma emoção das mais sinceras
Que um dia já tive
23 de setembro de 2012

Narrativa de uma semana inteira



A semana vinha como uma represa que acabara de se quebrar, as cores se pontavam no meio daquele caos locomotivo, era o tempo, as coisas por fazer, coisas pra fazer. Eu estava lá, sempre estou, estava sendo carregado, mas me olhava, enquanto aquilo acontecia, eu sabia. Enquanto os movimentos da semana aconteciam, eu também reparava nas cores que vinham junto daquilo, cinza, amarelo, preto, roxo, vermelho, rosa e tantas outras cores, umas vinham ofuscando, outras intoxicando, mas nada que não fosse sobrevivível .
Uma hora o frenesi para e o chão fica mais perto, menos fluído, dá até para se apaixonar pela paisagem, andando admirado com tudo, olhando ao redor, não presta atenção, pisa num buraco, distorce o pé, cai de dor, e ao redor ainda continua lá, parado, intacto e o pior ainda, tão belo quanto antes, mas longe, longe, pois agora a dor fecha seus olhos que se abrem numa noite asfáltica, uma velha companhia se encontra por perto.
A cara de velhas ditadoras se encontram com fácil acesso, uma faca em cada mão, passos silenciosos numa noite turva, madruga, escuridão, poeira, primeiros golpes, esquiva, fuga, retirada, voltar a atacar, cessar, cavalaria inimiga, fuga, volta pelo escuro, adeus meu amigo, corpos se deitam num transe entre um dia e outro, para amanhã viver um dia-vácuo terminando assim sua trajetória em frente a uma represa, que parece forte e segura, boa noite, até amanhã.


26 de agosto de 2012


O Ladino e Princesa


Eu posso ir pra forca por causa disso, é loucura demais, querer assassinar o rei, fazer parte de uma conspiração regicida, mas ainda sim fazer o que eu fiz, não conheço ninguém por aqui tão audaz, e o pior; eu não tinha planejado nada!
Sabe quando você está pela rua, vê uma bela-dona passando e de tão linda que ela é, você esquece tudo que tinha pra fazer, pra onde ir e simplesmente começa a seguir ela, pois é, grande feitiço...
Ela parou numa quitanda, 'minha oportunidade', fui lá, quando a vi de perto me espantei, era linda como uma princesa, com certeza deveria ser mais linda que a princesa do reino, comecei a conversar com ela, não sei o que era mais doce, se seu perfume, ou sua voz, bem esperta também, precisava entender onde estava pisando, não era um telhado qualquer, ou um porão cheio de economias, corações são masmorras, quem bem sabe disso, somos nós que temos mãos e pés leves...
Depois do dia inteiro de conversas, ela já estava bem à vontade me contou que tinha de ir, pois ela tinha saído escondido, me revelou ser a princesa e tinha que voltar para o castelo, isso me chocou deu maneira absurda, quanta audácia numa mulher tão linda, vale meu pescoço, eu pensei.Ela se foi. O sol se pôs.Uma semana sem vê-la, já me ardia em agonia, ela sumiu, pensei então em ir vê-la, do meu jeito é claro, material de escalar nas costas, um coração que tinha mais chamas do que qualquer tocha daquele velho castelo, eu realmente perdi o amor pela vida, pensava enquanto ia despistando os guardas, até chegar na torre, ela estava lá, a luz acesa sinalizava. Um guarda dormindo no chão me deu a segurança bastante para escalar tranquilo, cada centímetro, ao fim ela se assusta, mas sorri, quando me pergunta se eu perdi o amor pela vida eu respondo que troquei amar a vida por amá-la, falei sobre a Conspiração das Ruas, ela sentiu tocada, bem mais ainda quando olhei no fundo dos olhos dela e disse tudo que tinha para dizer, falei que era possível viver longe disso, ir embora, desvendar planícies, conhecer os grandiosos dragões brancos que vivem nas montanhas do sul, até lhe prometi a pedra-das-mil-belezas, ou algo menos valioso, como minha vida. Seu coração balançou, forte, e então disse que eu estaria a esperando na mesma quitanda que nos falamos pela primeira vez, no mesmo horário, daqui a dois dias.

Dois, três, quatro, cinco, dez, quinze trinta, nunca mais tive o semblante daquela princesa á vista, mas bem, ainda me restam alguns anos de vida...
2 de agosto de 2012

De recuperação

De recuperação

O pão está quente, a cabeça pesada o coração envenenado. Giro as chaves para sair da prisão que sou moralmente obrigado a ter que gostar de ter. Caminho pela rua, olhares sempre tão estranhos vem com uma força repressora e recebem na maioria das vezes tanta fúria de volta, isso quando não tem uma indiferença que por dentro se pergunta mas eu sou tão estranho assim? Será que é só impressão minha?
O corpo já anda cansado demais, de dar o melhor, de dar o máximo de si, a sensação-mór disso é que parece que existe um buraco negro ao redor e você não vai permanecer vivo se não usar o máximo de si, e quando ficar fraco, vai pegar leve, só para que você continue vivo para o alimentar.
As tensões emocionais estão virando cardio-musculares, e sempre parece que de algum lugar uma bala perdida vai por um fim nisso.
Falta de sono. Sem um espaço reconhecidamente amigo
Dormir e não acordar mais
Sumir e nunca mais ver um rosto sequer conhecido
Esquecer tudo que um dia sua mente conseguiu codificar como informação no mundo sócio-histórico.
São as opções mais sedutores que se pensa, se cansa, se atormenta, mas no fundo, isso tudo parece tão bom...
O pavor dos rostos brancos como pão nas padarias, aglomerado de pessoas com poder, aglomerado de pessoas que podem te ver, sociofobia querendo se transformar numa sociopatia.
Os rostos da rua mais se parecem com som
23 de junho de 2012

Sem Título #2 (para Melinho)
e o rio passa, as pedras paradas, lá no fundo mais um corpo descansa.bras na parede do que qualquer outra coisa.

19 de junho de 2012

Chutando um balde de água fria na própria cara



Um dia, você simplesmente joga fora tudo que guarda num armário velho, dentro do seu coração.
Põe na rua, pra que a primeira pessoa que passar leve embora, o que já não faz mais parte de você, apenas está dentro, ocupando espaço.
Você se sente vazio, mas o que é pior, sentir-se vazio ou roubado? Submetido?
Sentir-se um ditador, um ladrão do que um dia, antes mesmo de ter nascido, disseram que era seu.
Se ser rei é um fardo, eu estou abdicando e cada um vá viver sua vida, eu não terei glórias, mas não terei mais um papel de opressor.


Ladeira abaixo, assim foi dito
uma obra-prima de eufemismo
para as dores da inaptidão,
para o sufocante calor da afobação
Ninguém imagina o que eu enfrentei
o quanto doeu, o quanto eu rezei
minha reza de ateu
num desespero que eu nunca me atrevo a demonstrar
Jair Naves - Araguari II (Meus dias de vândalo)

15 de junho de 2012

Auto-Mergulho

Influências (ou não): Livro de imagens do Wish You Were Here do Pink Floyd e o disco Conta do Maurício Takara de 2007.

A piscina era retangular e tinha um pouco mais que o tamanho do seu corpo, estava nu, a respiração estava ficando calma, e os olhos que iniciavam o mergulho se cobrindo primeiro, numa escuridão sem guia. As vozes do mundo sumiam pouco a pouco, era só si mesmo, ali, longe, num lar de repouso, que era sempre como uma imagem meio vultuosa, vidas passadas, futuras, acesso à fonte de tudo, nunca tinha certeza de nada, as vezes apareciam desejos em formas de mulheres, medos em formas de situações, certa vez enterrara até o próprio corpo no leito do rio, e achou tudo tão engraçado. Agora estava lá, meio que paralisado, meio que viajando num infinito desconhecido como uma nuvem preta num mundo roxo...
Levemente os olhos voltavam a abrir, o mundo, este continuava ali, chegando cada vez mais perto, com um som eletrônico ritmado, calmo. O branco que recém invadia a cabeça, tinha seu espaço roubado, por cores, pensamentos de imagens, quadros, que uma aspiração a pintor sempre refutava num canto da cabeça, mas que as mãos estavam muito longe de produzir, mas as ideias, ah elas, nunca param de aparecer subitamente, as ideias sempre vão estar ali.


O Sol Estava No Zênite

Jun 4 2012, 11h43

O sol estava no zênite, a posição era favorável
O suor no rosto era um sinal inegável
O esforço feito, a distância percorrida
Máquina humana, produtora de vida

A luz branca incendiária invadia tudo
E tudo que se havia pra invadir
Era tomado por um brilho
Que antes não tinha por ali

Ele chegou, era a impressão
Era tudo que todas coisas achavam
o sol estava no zênite


Financeiro & R.H.

Abr 28 2012, 14h56

Ele chegou em casa
nem mulher nem filhos estavam lá
ele era o primeiro
aproveitou, tirou a roupa foi ao banheiro
debaixo do chuveiro
começava a se masturbar
libidinosamente
lembrava da moça do R.H.

Ela já estava nua
tinha sabão pelo corpo inteiro
seus dedos a penetravam e estimulavam
lembrando do homem do financeiro

Pena ser casado, ela pensa
pena ser mais nova, ele pensa
quem criou essa moral que os separa? Ninguém pensa

Um dia quem sabe, a luz não acaba
Quando eles estiverem no elevador
As coisas vão subir, e vai sumir o pudor


Eu nunca mais serei o mesmo

Abr 10 2012, 18h15

E tudo vinha como uma rajada sônica de um sax
Uma sinfonia que rasgava minha pele por dentro
metade de mim era visceras espatifadas pelo chão
Pesadelo
outra metade ficava de pé, firme em sua essência sabe-se lá de que.

nem em sua casa terá paz, enquanto você a buscar, disse a voz do cérebro

tudo que eu queria, era só que a terra me engolisse e acabasse com o resto de dor que minhas terminações nervosas ainda me proporcionavam, aqueles fluídos que significam sentimentos, como eu queria passar longe disso, como eu queria.


sem título
Abr 9 2012, 16h35

Você passa tanto tempo, cuidando dessas flores, por que isso?
-Quero elas em meu enterro, tem que estar tudo lindo


Membros Biônicos

Mar 24 2012, 14h12

27 cobras lideram o caminho
Agora você já não se sente tão sozinho
Crucificado ou salvo por uma cruz;
Quem diz é o lugar onde minha razão eu pus

Uma venda numérica na sua cara;
Parece que não te atrapalha
Existe um novo negócio;
Que movimenta capital e te torna misógino

um tiro dado na testa é melhor do que nas mãos

Crescimento: produção em laga escala
Já não cabe tanta criança na sala
A culpa é de quem mora no quintal
Não fosse por eles minha vida seria normal

Cyber-absurdismo, proto-cérebro
Intelecto-minimalismo, pseudo conforto
Não acredito em nada disso, eu sei como eu tô
Vejo claramente minhas condições pelo monitor


fragmentada, dividida e separada
a identidade vive sem valor
o eu não passa de duas vogais juntas
e o nós uma vogal entre duas consoantes
nada soa mais como antes, nada soa mais como antes
em laboratório se criam almas in vitro
com o domínio do genoma, agora se dissecam espíritos.
Sempre há algo novo para explorar.
Quando sua alma vai começar a viajar?


Não Leia, isso É pessoal.

Jan 10 2012, 22h11

Eu sei que todo mundo que tá nessa parada de música independente sente isso alguma vez alguns com mais frequência outros não. Não quero dizer muita coisa, só que estou viajando com um som, pensando distante, lembrando de pessoas muito legais e inspiradoras que eu tive a sorte de conhecer, pessoas que eu sempre tento me espelhar nelas.
Isso aqui não é um exagero causado pela música, é uma espontaneidade que acontece por causa da música, os dois últimos singles do Ricto Máfia pra ser mais exato, eu ouço e penso, muita coisa... Aqui fica o registro de uma coisa que eu penso sempre que ouço isso, sempre penso 'que sorte te ter pego isso ao vivo, mesmo que foi uma vez apenas. Um dia realizo meu sonho de tocar baixo pra essa banda foda.'
No dia que eu me reneguei à essa sociedade hipócrita, eu entrei pra essa máfia, a máfia do sorriso sem cor.


O Servo Envenenado

Dez 30 2011, 1h16

Todos sentados naquela mesa imensa onde o senhor Araújo também se encontrava; parecia um oceano aquilo tudo, um oceano de chorume que emanava do presidente. Araújo mesmo sendo chamado de senhor, era apenas um rapaz, que tava ali só cumprindo a sua obrigação, mas ele parecia ser o único ali que via aqueles líquidos viscosos saindo dos orifícios da cabeça do presidente da reunião, aquilo percorria a mesa, parecia chorume, ia até os orifícios das cabeças dos outros executivos e entrava também pelos mesmo orifícios nas outras cabeças, ele via todo mundo meio parado ali, como se tivessem sido possuídos por aquilo.
Seja lá o que era a coisa, ela ia até ele, que estava no fim da mesa, ele começou pensar em tudo que vivia no trabalho, aquelas horas extras que ele não fazia questão nenhuma de cumprir, os joguetes de poder, e todas as humilhações que um estagiário passa, assim começou a se levantar da mesa, mas todos olhavam para ele, envoltos naquela gosma, que agora, unia todos na sala, eles se levantam e começam a ir atrás do ex-senhor Araújo que agora já pode ser chamado de Anacleto, ou Cleitinho, como as meninas da sua rua o chamavam, lá no fim do prédio ele sabia que tinha sua bicicleta o esperando, mas ainda corria pelas escadas, enquanto agora ouvia só gritos insanos e via a gosma escorrendo atrás dele, sem sinais das pessoas de antes e numa investida contra ele a gosma se faz em forma de uma onda, para tentar cobri-lo duma vez, mas sem sucesso só toca em sua mochila, que com seu toque ácido faz os discos que acabara de comprar caiam no chão, ele agora pensa, 'merda nem tinha ouvido o Aqua Mad Max, o Imaginário Absoluto, era foda, não queria ter perdido.'
Quando chega num andar mais embaixo ele vê o tempo mais lento, lento, lento, que nem entende direito o que se passa, seus pés no chão criavam ondas, parecia que nem estava mais pisando ali, seu medo de tudo era grande, a vontade de escapar também, desse modo corre até o elevador que abre, pro seu desespero, o elevador sobe, e quando abre as portas uma luz branca invade tudo, deixando ofuscado seus olhos. O primeiro passo pra fora o leva a ver que agora ele era um animal silvestre, um veado no cerrado, mas ele ouvia, vozes procurando por ele, já entendia tudo, era agora a caça, e alguns caçadores vinham por aí, com os rostos dos seus antigos colegas de reunião, os cachorros também tinham feições humanas familiares de seus colegas. Fuzis e cães de caça vinham em sua direção, e a fuga ficava cada vez mais impossível, a corrida é fatigante, os saltos parecem ser em vão, algo o acerta, a vista escurece, e todos vem pro banquete, el ciervo vulnerado, o cordeiro de deus, agora serve sua carne e seu sangue para os que o buscavam e como bom justiceiro, ele compartilhou sua morte também, quando cada um o comia, ali, cru, ensanguentado, caia por cima do seu cadáver, seus olhos ainda viam isso, os que sobreviviam ao banquete, comia a carne dos mortos, para assim, logo depois, encontrar seu descanso final, e dessa maneira se forma uma pilha de cadáveres na beira do rio, um em cima do outro, as espingardas agora são inúteis, e servem como cruzeiros, para o seu túmulo a céu aberto.


Caninos na Jugular

Dez 25 2011, 15h24

Um doce chupão no pescoço com os caninos travados na jugular
Foi assim que os jovens, as ditas crianças da noite, se revoltaram
Os velhos estão no poder há muito, eles diziam, tá na hora de acabar
O banquete daquela noite, tinha pratos que a todos assustaram

Quem tem um trono feito com as areias do tempo não teme
Os jovens vem e vão, e o poder sempre vai estar nas minhas mãos
Mas um vento novo, sopra tudo para uma nova direção
E quem ontem estava erguido, hoje é apenas um cadáver no chão

Parecia um aperto de mão, mas tudo fora bem mais planejado
Eles não iriam descobrir, mesmo se tentassem ler nossas auréas
Que há muito aprendemos a esconder, nosso objetivo é um só:
Te engolir e fazer com que nós nos tornemos você.

Agora, o sangue de centenas de anos,
que um coração parado e podre bombeia
circula em nossas veias, e sua alma,
agora é escrava, vocês agora são lendas
E nós a nova história.


Uivar

Nov 22 2011, 23h13

Quando você precisar de companhia pra poder uivar, rosnar e morder
sabe onde achar.
Mas se quiser ser um cadáver que esquenta o corpo de uma senhora chique, ou a principal atração do zoo, sabe que caminho tomar, é bem naquele que acho que nos separamos.
Vou te deixar pensando só, tenho que defender minha tribo agora, ou quem sabe ainda seja a sua, até a hora que sejamos só corpos dilacerados no chão e você fuja pisando em nossas poças de sangue.
Então, da próxima vez que você uivar, será de pêsame, mas logo passa.
E onde for que nós estivermos, estaremos uivando, rosnando, mordendo e lutando por nossa tribo.
Re-Verbi-ficando

Nov 2 2011, 22h30

E lá dentro começa os anseios
Como uma árvore brotando
A chuva vem fora, agua limpa e fria
Lavando.

Meus olhos de fora vêem embassado
E os de dentro entrevado
Agua incolor e limpa
Renovado.

Eu sinto algo diferente
Eu quero algo diferente
Bem diferente do que
Sinto atualmente.

As bocas vomitando palavras
Manter a ordem é a ordem
O auto-caos é o próprio crime
Raciocine.

Encurralados entre as paradas
Os pensamentos bucam outros pontos
Enquanto o transporte segue
Se perde.

Eu sinto algo diferente
Eu quero algo diferente
Bem diferente do que
Sinto atualmente.

E as palavras continuam a escorrer pelo rosto como as gotas de chuva
E os valores continuam sendo atribuidos a você como os produtos da rua.
Batuta da Morte

(ainda melhoro esse texto, pq vc merece mais mano!)
Out 18 2011, 21h12

Acho que é pela quantidade de conhecidos mortos que podemos descobrir que estamos envelhecendo. Vemos, as crianças ali, e no fundo vemos nelas a gente, que ainda somos todos crianças, que precisamos de algum carinho, lá no interior o tempo não passa, só o mundo marcando o tempo, a batuta da morte mais uma vez fez sua maestria. A gente fica aqui sendo obrigado a contemplar isso. Contemplar, sendo obrigado a ver e sentir.
A orquestra de Hades toca a próxima sinfonia. Numa moto a vida toma seu rumo final, num cruzamento descuidado.
A música toca, mesmo sem a gente ter dado play, a música toca, de tempos em tempos a mesma faixa se repete.
Um skatista a menos. Memórias a mais.
Descanse em paz Omar.
Hoje Me Tornei Imortal

Out 25 2011, 1h09

É, meu amigo, como minha namorada disse uma vez
Que no fundo eu só quero os holofotes mirados em mim
Talvez seja porque há escuridão demais ao meu redor
Talvez porque eu realmente me sinto melhor assim

Hoje, eu saí de minhas memórias, virei palavras
Me transformei em suas lembranças também
Só pra poder viver pra sempre em você
Quando minha carne um dia apodrecer, desaparecer

Então por favor, um dia, conte a alguém tudo isso
E que esse alguém leve suas memórias de mim
Leve eu e você, para outra pessoa
Que essa outra pessoa se lembre,
De mim, de você, dele, e que assim vivamos

Um dia seremos só memórias, já disse antes
Boas pra uns e ruins pra outros
Mas seremos, então já menos triste e mais sereno
Mostre pra eles, um dia, por que meus olhos brilham assim
Porque meu peito queima, por que sou um eterno estranho
Mostre pra eles, o seu reflexo absurdo, eles nem vão acreditar
O monstro, o vilão, era só um filho bastardo.
Todos vão ficar horrorizados

Acho que vou estar de longe, reparando em tudo
E vou ficar feliz, um dia seremos só memórias
Tomara que isso não nos faça ser o que todo mundo um dia quis.


Tristeza por Sorriso

Out 12 2011, 22h26

Um passo por vez, e assim cheguei aqui
Na verdade foi você que veio até mim
Uma voz no poço, e um coração com asas
Quem viu a angústia de antes;
Não entende o valor dessas risadas

Dum semblante triste, vem olhos brilhantes
Iluminando madrugada a dentro
Palavras trocadas, verdadeiros sentimentos

E agora, você está bem, e o mal de outrora
Nem sequer a assombra agora
Troquei tristeza por um sorriso
Mas nem penso que por isso vou embora
Vou ficar daqui de cima te olhando
Quando voltar a precisar
Nem vai dar tempo de se complicar.
Você vai ver só.


Falando por uma vida

Set 25 2011, 15h07

Logo no começo da tarde me imaginei morrendo, todos meus amigos juntos, ao redor da maca de hospital, e eu dizendo: minha jornada acabou, vejo vocês em breve, estou esperando.
Depois, andando pela rua me vi; o animal. Meu olhar de besta-fera acuado refletido no semblante de quem olhava para mim, eu me sentia uma espécie em extinção, mas acho que eu era mesmo é mais um, assim como os cães de rua, todos lá, olhando para as pessoas e vendo uma chance de redenção, mas, no mesmo momento poe a cauda debaixo das pernas e corre, por que esperar pra ver custa caro. Uma vida.
Do outro lado da mesa estava ela, linda, cabelos castanhos, pele branca, linda, assim como o padrão de beleza hegemônico estabelece, eu logo ali, um bermudão velho desbotado, cabelo desgrenhado, olhando pras suas pernas, e só pensando. No final saímos ao mesmo tempo, ela pro seu caminho e eu pro meu, ela me viu, acho até que ela esperava que eu falasse algo, mas não daria o luxo mesmo, orgulho do lixo sabe? Só rastejar se o teto for baixo demais, só rastejar se tiver tendo tiroteio, não rastejar por um carinho, ou beijo. No final de tudo quando a vi pela última vez, Cedric Bixler-Zavala dizia no meu ouvido “just as he hit the ground...” eu nunca mais vou esquecer, ela indo e eu também, hittin' the ground, como Cerpin Taxt.




Cercados Por Uma Rede Elétrica

Set 24 2011, 16h18

Cercados por uma rede elétrica ficamos todos sem luz
Um amigo que tentou sair teve seu fim
naquela estaca que parecia uma cruz
Ficamos abismados
Quando vimos o abismo,
Ficamos chocados
O choque da queda nem deve ter dor, acho que ficaremos inconscientes antes.
Nos engolirão, e dentro deles sentiremos seu calor (ou não).

Todos juramos por deus que íamos marcar em nossas peles a razão disso tudo
Aquela linda garota dos cabelos cacheados foi a única que o fez
E a voz repetindo, agora é nossa vez, agora é nossa vez, agora é SUA VEZ!

Como foi mesmo que chegamos aqui?
O moço ali;
Com os restos de uma guitarra nas mãos nos respondeu:
Traíram-nos!
Traíram-nos!

Em vista do tamanho do abismo
que já engoliu um amigo
e seduziu outros outros tantos
As vezes só dá vontade de cair em prantos:
Traíram-nos!
Traíram-nos!

E a vista de todas aventureiros vai ficando mais pesada e escura.
O que vem depois?
Viva e descubra.


Eu tinha que sair

Ago 29 2011, 14h15

O silêncio as vezes engana
você pensa que já acabou
mas as vezes só está começando
os olhos se abrem, outros planos

eu tinha que sair, mas preferi ficar
eu tinha uma mão pra segurar

tá frio lá fora, né?
-A essa altura, tá tudo assim
vamos embora?
-você que quis vir

Eu nãããão, pensei duas vezes
antes de te olhar!
Eu soooou expostos às possibilidades
posso errar também

eu tinha que sair, mas preferi ficar
eu tinha uma mão pra segurar




Um novo futuro

Ago 5 2011, 15h43

Os braços estavam jogados perto do corpo
Um novelo e uma agulha também
Sua cabeça ficava bem próxima de um copo
Alguma substância que poderia talvez fazer-te bem

Uma fenda no tempo-espaço
tragava tudo que estava na sala
Isso tudo, só por que queria algo
Que fosse bom, que animasse

Give the cure, dizia repetidamente o vinil arranhado
O sol tocava o resto do seu corpo tragado pelo buraco
Agora foi-se, para onde será?






Inspirado em uma ex-amiga

Jun 26 2011, 3h07

É tão fácil viver assim; foda-se
-Pena que eu não consigo
Dar as costas e fingir que tudo acabou
Mas a internet está aí
Separando pessoas e impessoalizando as relações
Num dia você tá seguindo, num outro bloqueia
E com cliques uma persona nova é feita
Psiquê digital
Ciber sorriso
É tão fácil viver assim
Pena que não consigo

E o mundo lá fora é virtual
Seu ego é digital
Você tem ele e suas emoções em um hd
pra deixar sua mente livre
Livre? De que?
Pensamentos númericos tecendo a rede
Padrão, número, padrão, número


Dinotopia

Jul 10 2011, 19h00

Se podemos moldar a realidade, disseram os cientistas, podemos recriar uma Dinotopia, para podermos desenvolver um estudo mais embasado, mais real...
Mas do canto da sala um físico quântico interrompia com o seguinte racíocino:
Se podemos criar uma realidade, ela será feita a partir de nossas imagens de realidade, logo quando criamos uma realidade, estaremos apenas criando um imenso labirinto feito em cima de nosso conhecimento, ainda pior, de nosso inconsciente...
Logo poderemos descobrir que os dinossauros são robôs, ou funcionar exatamente como pensamos, ou sermos engolidos por nossos pensamentos ruins seria uma tragédia, acho que nenhum de nós vai querer viver vegetando numa maca, isso é o que eu penso senhores, mas vamos lá, não deixarei de participar dessa viagem, mesmo podendo ser a nossa ruína...
Num breve silêncio todos sentaram na mesa, iluminada por uma luz branca assim como as paredes, luz que refletia nos jalecos e nos papéis sobre a mesa, relatórios, conclusões...
Um outro cientista, publicou seu devaneio; talvez o colega tenha razão, e se a realidade for apenas uma energia amórfica que só tem sentido no nosso cerébro, dessa forma nós estamos apenas criando mais uma teia que pode nos prender, não tinha pensado nos fatos, acho que é hora de rever, voltarmos pro começo e tentar calcular em cima de um elemento amórfico, ou polimórfico, talvez, para ver quantas variáveis possíveis toda a construção de Dinotopia pode ter.




Tentando Escrever Igual A Você

Jun 14 2011, 21h54

Aquele corpo jogado na cama parecia morto, mas era só cansaço, correria depois de trabalho.
Ela lia um infindável livro de física, prova ou trabalho, nem sei o que era, mas estava ocupada. Com milhares de quilômetros de distância os separando ela nem podia parar um pouco para um carinho, um beijinho ou um cafuné, tudo bem.
Conformado com a distância ele converte a voz e o baixo de Roger Waters em doces palavras dela, como se ele estivesse dando um recado:
"Descanse, durma bem, já eu chego tá?"


Monólogo do Vitelo

Jun 4 2011, 11h30 -

Me diga que acabou, por favor. As correntes em meus pés dizem que não, nem posso sequer me mexer, qualquer movimento é uma ameaça, qualquer movimento é uma ameaça, nem chorar mais dá graça.
Na situação que me encontro a palavra vacuidade sai do literal, se transforma em estilo de vida. Meu destino está nas mãos de quem se acha um um Deus. Qual é essa espécie de monstro que se traveste de cadáver? Frankeinstein? Como sua vida vai?
A luz chega até mim, é o fim, coma tudo de mim, mas não se esqueça que mesmo depois de ter me digerido minha dor não terá chegado ao fim, como uma simbiose, como a morte, coma a sua morte, você agora está junto de mim. E aquele que matou teve sua maldição lançada quando me ouviu gritar, me viu chorar e tocou no meu sangue, se somos todos filhos de Deus, isso não torna canibal o homem?




O Teu Tudo

Jun 14 2011, 21h59

O teu tudo não cabe muita coisa,
Não cabe gays, lésbicas também
Entre tantas outras pessoas

O teu tudo não cabe muita coisa;
Castigo ou servidão eterna
Tão poucas escolhas...

Teu tudo é quase nada
Seria mais fácil acreditar em um nada absoluto
Ou um tudo-além...

Teu tudo é tão monótono e pequeno
quanto mal e bem.


Rompendo A Película

Mai 30 2011, 1h10

Os olhos passeavam pelas ruas, arquitetura
As cores pulsavam, convidando
A mente se expandia em links
Seu tentáculos buscavam reconhecer
Cada espaço, cada centímetro secular daquele lugar

Mais adiante, a divisa
A travessia
Um espaço paralelo, uma união de dimensões
Onde as cores se unem com o cinza
Sob o espelho d'água que faz seu curso
A película entre os mundos foi rompida
Colorido une em tons de cinza

Já do outro lado, o clima é pós guerra
A cidade fantasma cicla em si
A noite é sua melhor hora, hoje, agora
Os espíritos vagam, quando cansam
Dormem em casas abandonadas

No fim, conversas são carregadas pelo vento
Despedida, desprendimento
Corpos cansados na cama
Almas continuando pelas ruas
Coloridas ou não, caminho seguem pós-humanos
Projeção


Amor Espacial

Mai 24 2011, 13h54

Alguns fragmentos seus caíram enquanto saía
Buscando refúgio, procurando a saida
De algo que tá dentro de você
Teu câncer
O que será o bisturi?
Será sempre assim?
Terá um fim?

A Grandiosa Espiral
Tem um segredo guardado para você
Venha comigo para a nebulosa
Um espaço dividido

Partiremos-nos em dois ou mais
Lançaremos nossas partículas no vácuo
Descanso.

Depois a gente volta, caminha e dá as mãos
Se você ficar melhor, posso até te pegar no colo
Levar pra cama, e te fazer sentir muito mais
Amor espacial.


O Sobrevivente

Mai 18 2011, 14h48

Joguei garganta abaixo
Aquilo que eu achava necessário
Assim como uma mãe dá uma chupeta pro filho calar a boca
Mandei aquilo, só para a fome passar

A rua é fria, eu já senti isso, concordo
O sacríficio meu, não irá curar seus pecados
Apenas me coroar como rei, com uma coroa de espinhos
Glória pra você então, que não tem nada o reino dos céus é seu, não meu.


Zumbi, me tornei um

Mai 18 2011, 14h47

Numa noite qualquer dessas você se torna um zumbi
Apenas levanta, não se sente mais você
Come a carne.

A dor corre nas veias,
É como se você quisesse viver mas não pode mais
Um pecado interrompendo o fluxo do sangue

Sente seus sonhos apodrecendo?
Se reparar bem, os vermes já estão subindo pelos braços
Zumbi, eu me tornei um.
Nem que for por uma noite


Olhem só para ela

Mai 16 2011, 22h00

Veja bem esse rosto, repare no sorriso
Pele branca, um sorriso mais forjado possível
Daqueles do tipo que nunca ouviu a frase, 'rir é bom, mas rir de tudo é desespero'
Isso só para fazer o social. Pra dizer que é feliz
Feliz como? Tendo uma foto sorrindo?
Que puta babaquice.

Vou falar mais um pouco, sabe?
Ela é linda, branca, e tal.
Mas é o tipo de mulher intelectualizada
Que se esconde das verdades do mundo feito as baratas da luz
Mas ela tem uma foto sorrindo, que coisa mais social, que coisa mais linda!
Ver uma moça sorrindo, por mais que isso me soe Laranja Mecânica
Só que ao invés de olhos ela tem um sorriso aberto.
Mano, que merda viu
Que merda.


Correntina

Mai 16 2011, 13h53

Correntina, tão jovem, quantas vezes fostes abusada?
Quantos em ti gozaram, uma, duas, três, 5 vezes?
Eu tento te ajudar, mas a sua família não aceita!
Eles querem te vender para ganhar dinheiro

Miséria, perseguição política
Preguiça, por que seu povo não se revolta?
Será que nunca é hora?
Ô minha linda, ver teu sangue escorrer é uma dor imensa...


Ouvindo Baba O' Rilley

Mai 16 2011, 13h48

Uns teclados sintetizados vem na minha mente de modo letárgico, me lembrando quem eu sou, logo uma voz dizendo sobre o deserto de nossas vidas na soceidade atual guia meu pensamento para a revolução entoada por um baixo trabalhado, que mostra o que é certo, que para ser belo e consitente tem que haver persistência, mas que as coisas podem ser sutis como a guitarra.
No fim será uma festa, o povo e seus violinos.


Uma nova colisão

Mai 13 2011, 14h54

Uma nova colisão
Cheira a nova cidade, descoberta
Crise, solidão, descoberta

Assimilação, misantropia
Ódio, anti-monogamia
Amor, cissexualidade

Ah, foda-se


Queima Merapi

Mai 4 2011, 13h16

Aqui estou, sentado á teu lado
Sinto teu calor de perto, e é sedutor
O fogo que cura, a Chama Sagrada
Nenhum enfermo sobrevive

Hoje eu peço a ti (de novo)
Queima os meus?
Seja um bondoso deus
Queima e deixa uma chama em mim
Só pra eu ter certeza que nada vai se aproximar
Nenhuma simbiose maldita
Nenhum contato parasita.
Queima Merapi, em mim, queima.


Merapi

Abr 30 2011, 18h24

Destrua, mestre!
Obstrua, mestre!
Todos estamos aqui para obedecer às suas vontades
Mesmo com tanta tecnologia
Ainda somos tão submissos

Destrua as torres, as casas, os prédios
Exploda, e ferva a carne humana
Celebre depois com as cinzas,
A calmaria

Quando eles sumirem vai ser tudo melhor


Não tenho mais saco
Abr 30 2011, 15h49

Pra bandas de cover, pra bandas "undegrounds", quero que se foda essa porra toda, não tenho saco pra moleques com camisa preta de banda.
Vão se foder


Eu sinto muito mesmo

Abr 29 2011, 16h47

Eu sinto muito mesmo.
Sei lá, isso talvez seja interior, não sei dizer bem, na faculdade há uma cachorra que todo mundo adora (será mesmo?), aqui é cheio de cachorros, é legal mas fico pensando por que ninguém castra nem um? Nem a cadela que 'todo mundo gosta', é incrível como a fêmea é sempre uma máquina parideira que tem que estar a disposição dos machos. Ontem tinha um cachorro cruzando com ela, me deu um sentimento tão estranho, ela que é pequena, quase porte médio, com aquele cachorro grande, que arrastava ela enquanto cruzava, é extremamente grostesco! Talzvez eu deveria ter dado um jeito de separar, mas ia fazer diferença?
Alguns filhotes dela já até foram esmagados pelo cara que dirige o trator aqui. Ninguém liga, por que ela pode parir mais.
Ah antes que você pense consigo, eu também acho que estou sendo um idiota, por apenas escrever isso, mas acho que vou dar um jeito com minha consciência, talvez informando você sobre isso ajude, enfim, dor é dor.


Movimentos Na Parede

Abr 28 2011, 13h43

Elas se moviam na parede
Presas ao dono
Elas enganavam a todos
Até mesmo ao seu dono

Pois eram marionetes
De um ser mais sombrio que as próprias
E assim uma falsa ideia continuava a prosseguir
No meio em que todos achavam que, com luz ia sumir

Estaria lá na caverna sendo Deus
Ou nas avenidas sendo multidão
Qual é a sua sombra? Quem a controla?
Você é luz?


Elensampa

Abr 28 2011, 13h39

Numa sombra noturna ela caminha
Leva na mente alguns rascunhos e uma fonte
A mão desliza pelo muro, enquanto o passo segue
-Ir pra casa
“precisa mesmo ir agora?”
Uma companhia boa é sempre boa
Pode ser um cara, pode ser a garoa
Ela nem liga, desde que a faça feliz

Os planos são uma revolução
Melhor, são um novo aqui e agora
Bem mais direto que as Diretas Já
Seu plano é sua vida, a mudança é um olhar...


O Uivo

Abr 28 2011, 13h37

Quando a noite você está só
É realmente só
Quando você nem mais chorar consegue
O que mais pode fazer?

Sabe que ele está atrás de você
Que é presa por não querer violência
Que ao invés de punhos usa a ciência

Uma hora as sombras colidirão
Confronto
Morrer sem lutar
Ou morrer lutando
Maldita seja deus e seus planos


Pedra no Vidro

Abr 24 2011, 12h59

Uma pedra no vidro
Um ex amigo
A televisão continua ligada
Um corpo descansa no sofá

Um linha segue reta
Entrando e saindo das cabeças
Uma agulha costura todos os padrões
Católicos ou pagões?


Plena ignorância 2

Abr 7 2011, 13h15

Jogado no chão permaneço
Pois fisicamente é impossível levantar depois de ter morrido
Diga isso para a esperança você diria
Queria ser uma digo eu
Plena Ignorância I

Abr 7 2011, 13h15

Quantas pessoas não estariam atrás de mim se soubessem...
O que sou;
O que tenho;
O que guardo;
O que posso chegar a ser;

Talvez eles saibam, mas ignoram
Jogam meus restos num lixo
Ou dão pro cachorro
É como jogar a poeira debaixo do tapete
Melhor, é como jogar o corpo naquela rua deserta...


SUS, Abate e Trabalho

Abr 7 2011, 13h15

Somos todos sugados feito picolés
Uns até o palito, outros até a embalagem
Uns em fila para abate outros em fila para o atendimento
SUS, trabalho, abate
Não importa a ordem dos fatos
Todos eles estão consumidos

Nos hospitais filas pedindo cura
No atendimento drogas receitadas
Que não trazem plenitude, apenas prazer momentâneo
Até a próxima, marque sua consulta ao sair
Ele era um bom rapaz, pena ter que ir (tão cedo)
Formato dos Anjos

Mar 22 2011, 1h29

Muitas pessoas achavam que viríamos numa cruz
Num disco voador, mas
Viemos como elas
Em partos
E
As asas
só são vistas por quem tem o poder de ver
pode ver?

Eu vim numa nuvem, ver uma protegida
Na minha nebulosa, transcedo a mim mesmo
Numa corrente de vibrações sentimentais
Pra fazer-te abrir um sorriso, ou apenas ter uma boa idéia

Estou agora em tantos lugares
Em todos que quero estar, na mesma quantidade
Protegendo, meu combustível é etéreo, mórfico, e insolúvel
Pode ser uma música ou um beijo
Pode ser um olhar, ou um segredo
Agora vou-me, boa noite, estou por você.


O Bilhete

Mar 22 2011, 0h05

Sabe aquele dia?
Quando você ouve uma música, que cheira a seus 7 anos?
Então, posso fazer um convite pra você?

Aparece lá, naquela clareira
Pedi e uma amiga aceitou
Uma dríade, ela vai te ensinar como fazerem as plantas crescerem

Eu estou ocupado hoje, por isso mando este bilhete
Vai lá, o unicórnio que te entregou este bilhete pode te levar
Não, não, não precisa ser virgem pra montar
Seu coração é puro e bom, isso que basta
Ah, o meu problema é com as asas...
Última batalha não significa última guerra
Até a próxima, amiga da Terra


Água Abaixo

Água abaixo
Mar 22 2011, 0h00

Água abaixo da garganta
era quase igual a um corte
Semi decepado
Estremecia o corpo inteiro
Ninguém reparava
Que eu andava gritando
Será que eu já tinha ido embora?

Procurei não entrar em pânico
Procurei primeiramente por meu cadáver
Achei,
Estava no seu quintal
Querida, se eu pudesse, ah, se eu pudesse
Me explicaria, pararia de beber, de te bater
Talvez você tenha razão...

Água abaixo!!
Agora me lembro, você gritou isso
Quando virou a garrafa de álcool em mim
Logo antes de acender o cigarro do meu último cigarro
Beija amor, beija.
Te vejo na próxima estação...


Se eu pudesse

Mar 21 2011, 23h51

Se eu pudesse, seria um efeito sonoro
tipo um loop de 1 segundo e meio no seu ouvido
Seria os olhos do quadro na parede do seu quarto
As mãos da estátua na sala
O teu glorioso tapete

O chuveiro depois de um dia cansado
Se não se importar de ter banhado outras pessoas
Faço sua vez ser especial e relaxante
Desde que se sente em mim, agora como poltrona

Tantas crianças estão chorando lá fora
Ouço tantas vozes pedindo perdão
Pedindo uma chance
No seu coração,
elas estão salvas
Nesta miniatura de mundo que é seu peito
Salva-me também por ser homem
Todo ser humano é feito de desejos e defeitos


Mata Sem Fim

Mar 21 2011, 21h15

É, assim está bom
Eles dizem que é mal, prejuízo
Todos nós aqui cercados por água
Até que tudo seja coberto por ela

O certo seria, sangue num abatedouro
Morte, lucro
O errado é a cheia nos matar
Poucas chances de se transformar em dinheiro
Apenas o instinto e nós nessa mata sem fim
É melhor do que estar numa fila que mata sem fim


Capivara Morta

Fev 24 2011, 12h12

Uma diferença é o bastante
Letárgico, ressoante
Assim ecoa o último golpe
Estar vivo depois disso é sorte

Por ter um defeito natural
O padrão lança sobre mim
O que fizeram com ele
Para que se tornasse o que hoje é
Sem mais esperanças
Faço dessa sarjeta minha jazida

E deito, como uma capivara morta
Por ter um carrapato que te incomoda


A Boemia é uma bosta


2/2/2010


Você só pensa em beber
Você só pensa em foder

A boemia é uma bosta!
A boemia é uma bosta!

Você só pensa em fumar
Você só pensa em tocar

A boemia é uma bosta!
A boemia é uma bosta!
E ainda acha que isso é arte
E ainda acha que fez sua parte

Recita poesias
Que não tem nada a ver com nossa vida

A boemia é uma bosta!
A boemia é uma bosta!

Tira onda de revoltado
Só porque seu pai não pagou o seu salário

A boemia é uma bosta!
A boemia é uma bosta!
E ainda acha que isso é arte
E ainda acha que fez sua parte

Comprar uma jaqueta de couro
Vai te fazer mais macho
Punks de verdade não precisam
Da aparência pra fazer estrago!


Em homenagem a 21 e 22 de janeiro de 2011


Jan 23 2011, 0h47


Teve um lance, um dia que giramos
Misturamos realidade, alucinação e delírios
Numa calçada movimentada
Um cada sorriso era um ácido
Cada beijo um arcanjo

Sentados no chão, dadas as mãos
Hora da refeição
Um vislumbre do que é real
Imperfeição

Só que o era real ali
Delírio e Alucinação
Espírito e ação

E por besteira as pontas se soltam
A ponte se quebra
Um corpo no chão
Prantos pelos cantos
Quando sol nasce
O corpo renasce
Através da panacéia amplexa

Mãos dadas no parque
Noite queita, conversas
Vamos lá, de volta ao pó
Antes de se desligar
Ser um só

Bom sono!


O dia que que ela ficou confusa


Jan 21 2011, 3h06


Cada curva sintetiza uma linha
Cada linha sintetiza um traço
Cada traço sintetiza um movimento
Cada movimento traz a vida

São belos os sorrisos, sinceros os olhares
Tão intensos quanto sua cor
Tão brilhantes quanto seus cabelos coloridos

Há uma fusão mistíca em ti
Entre sol e mar
O sol lhe deu a intensidade
O mar a incerteza
Qual será seu movimento agora?
Me abraça ou me beija?

Você sabe, quem você é.




A Estátua de Ferro

Jan 21 2011, 2h21

Ela está parada, olhando pra mim
De fato, ela é feita do que mesmo?
Veja só parece que ela se mexe!

Ela não se lembra
Ela não se esquece
Só ilustra.

Como alguém poderia dar vida?
Como alguém poderia criar isso?
Sua imagem e semelhança, do homem
Mas, ela não se mexe!
Assim que somos?
Com certeza não.
Não vê?
Você tem pés e mãos
Onde seus tentáculos estão?
Por que esse monte de olhos?

Pai!
Nããããão!


Buraco no Estômago II

Jan 20 2011, 17h42

Eu queria saber a direção, qual caminho tomar
Quando por simples acaso desabar
Tudo.

Queria mesmo era ir de serpente pelo deserto
Queria mesmo ser hipnotizado por suas escamas
Eu queria era, era sentir suas presas veneosas num bote único
Veloz, sagaz, me seduz? De novo?

E de novo, como se eu já soubesse, do buraco do meu estômago
Saisse minha alma, num televador
Para trilhar uma espiral, trilhar meu caminho
Feito da podridão da minha carne
Que agora caninos carniceiros se aproveitam
Que agora outros deleitam

Numa valsa mortal meu corpo deixa de ser meu
Só pra te servir, só pra te sentir
Te dou, me toca!
Te dou, me toca!

Faça a poesia com meus braços arrancados
Faça o sol nascer, me dê a tortura
O corpo fica com a dor, a alma com a ternura


Buraco no Estômago I

Jan 19 2011, 1h29

Podia ser um tiro
Podia ser um sinal da decomposição já tão aparente
Podia ser apenas um frio na barriga, algo incoerente
Incoerente ao ponto de...

Me paralisar?
Me adoentar?

Quantos toques na minha pele tive hoje?
Quantas peles me tocaram?
Quantas peles trocaram?

---------------------------

Aproveitando da fenda cada verme em fila indiana segue seu rumo
Meu corpo numa estrada agora é apenas um banquete pra urubus e vermes
Minha alma que ainda não sabe pra onde vai, com um buraco no estômago sente cada pedaço de si sendo....


Trilha Sonora

Jan 19 2011, 1h03

Agorinha eu ouvi na janela
Seu suspiro de sono
O sono calou sua voz

A voz que ia embalar meu sono
Agora eu estou na madrugada
Agora eu estou numa estrada
Um pouco distante,
Um pouco como antes

Onde estão os tijolos amarelos na animação suspensa?
Onde é que você iria se seu corpo não te acompanhasse?

Iria pra casa ou pra estrada?


Verdade

Jan 17 2011, 7h57

Mas a Verdade conta muitas histórias
Não sei ao certo qual é a verdadeira
Se é daquela que passa na televisão
Ou se é daquela que é negra


Dando Uma Volta Em Marte

Jun 27 2010, 0h01

uma noite eu tentei
marcar meu nome nas nuvens
isso enfim é a fama
marcar o nome nas nuvens

o corpo sempre cobra o que é dele por direito
por isso cá estamos, sono

o que eu realmente preciso?
Talvez um quarto sossegado onde eu possa ouvir música à vontade
talvez uma cama pra transar sem me preocupar com alguém abrir a porta
talvez uma viagem para um estado transcendental de espírito
talvez sem volta

eu não sonho mas meu corpo voa ,
voa kilômetros enquanto durmo

Numa pista secreta eu sigo um rastro que vai até a onde a vista alcança
um rastro atrás de deus, um rastro atrás de mim mesmo
um rastro feito por dois pés: um de coragem e outro de medo
é cedo
hora de fazer cevada, vestir roupa, pedalar tantos km
ver aula, pedalar de volta, sentindo o vento da brisa
enquanto os carros vão como bolhas pessoais só peidando CO2

eu estou aqui, simplóriamente, querendo dizer com isso tudo que
Eu também posso dar uma volta em Marte, mesmo que tão modestamente
tão rudemente!!
Mas eu tento, eu faço, se é bom ou ruim fica ao seu juízo, lá vou eu pra minha jornada diária, sempre tentando, as vezes conseguindo.

Tiro um rasante, pouso e enfm te dou um abraço e digo: boa noite


Acho que isso merece ficar guardado

Mai 2 2010, 0h58

Acho que eu deveria dizer isso
Sobre como eu fico ativo quando estou sonolento
O corpo caindo, e o cérebro trabalhando
Calmamente
Como a noite sabe?
Ela vem pouco a pouco deixando tudo escuro a seu modo
Só pra a gente colorir do nosso jeito, mas pequenas luzes
Pois é a Escuridão quem está por cima de nós.

E ela nunca vai poder ser clareada...


Balada dos Lados

Abr 2 2010, 18h17

Um dia ela veio, me pediu pra chegar mais perto
Eu fui, ela avançou
Eu avancei, ela ficou devagar e eu fui adiante
Mas, agora ela é quem está adiante
Acho que estou velho
Não acho que consiga a alcançar de novo...


De Noite

Fev 4 2010, 1h26

Já até me imagino, noite escura, um cigarro na mão olhando pela janela, vendo o momento e sentindo a vida. Mas isso não faz parte totalmente de mim, saborear a vida é bom, mas me matar no processo não é muito bom.
Agora, duas e vinte e três da manhã, Led Zeppelin nos ouvidos e um suspiro, um suspiro, sobre o meu futuro que se aproxima como uma serpente que segue graciosa e silenciosamente seu caminho, passando por jardins e penhascos.
Meu sono, meu sonho, amanhã será outra noite e outras mil virão...
Oh deus!!! Ó meu deus!!! Essa noite parece ser a noite sem fim, eu sinto, eu sinto eu não minto...Não, não minto.


Ele Vem

Fev 4 2010, 1h16

Seja o que for, que venha o futuro:
Com gosto de lágrimas
Esforçado em suor
Junto ao resto de nada
Carregado de nosso pó

Ele vem, como uma chuva esperada
Como a tempestade odiada
Seja como for, ele virá
E se você não estiver pronto
Se afogará

Não há saída, é o futuro
Não há saída, há morte, há vida


Poema dedicado a todos que sonham pelas ruas sentindo a música que sai das árvores, das paredes e do céu.


Por quê Todo Dia?

Dez 28 2009, 15h36

Por quê todo dia tem que ser assim?
Nós sempre buscando ser melhores, então quando descobrimos que sempre não somos o bastante.
É a graça da vida, mudar transformar, lutar, buscar pelo amor que não sabemos onde realmente está.
É só sair atrás de si, que ele estará lá, talvez não esteja em minha consciência mas ele está em mim eu sei, quando eu penso em você.


Todos os amigos

Nov 17 2009, 15h49

Antes todo mundo pensava em todo mundo, é o que andam dizendo
Eu ainda penso em todo mundo.
Um dia vão lembrar do que eu fiz
Todos eles até o mais cruel dos amigos
Até o mais negro humor

Hoje, eu vou em frente
sei que há muita gente pra trás
mas la em frente vou poder ter força
e com força vou fazer um grande veículo
para ajudar todo mundo que deixei pra trás

Você vai ver só, mãe.


Relações de afeto ao transitar dos tempos

Esse texto eu publiquei em uma das edições do zine que eu fazia, (não teve um fim certo o zine, nem eu sei como ficou), o Dança do Caos.

Nov 17 2009, 15h46

Minha querida, hoje eu vi o quanto minha mão pesa em seu rosto, quantos grilhões as eras colocaram em você, junto com meu fétido e putrefato pênis.
Meu bem, será por qual razão os céus criaram essas situações? É uma pena sermos tão imundos, mas no fundo eu sei, é, eu sei, que em algum lugar do meu passado já fui querida, estuprada, escravizada também, sei que em algum lugar do tempo você era quem chicoteava meu amor, você também sabe, nós dois sabemos o que é o estuprar e ser estuprada, hoje estamos aqui, finalmente mais polidos, mais limpos é claro não completamente pois se estivéssemos não estaríamos mais aqui, neste plano chamado Terra.
Um beijo, e boa noite, afinal amanhã é segunda e temos muito o que transformar.

Fragmento sem título

O que as crianças não esperavam, é que, ao chegar até o porão da casa, viriam uma coleção de pessoas presas, desfiguradas por pústulas, ao interrogar um homem próximo, a sala que já tinha o cheiro de mil vidas perdidas ficou ainda mais claustrofóbica quando a voz daquele homem que há muito o deixara de ser se projetou pelo espaço; essa criatura se alimenta de câncer, crianças, ele nos captura, nos prende, e cultiva em nós esses cancros, em todo nosso corpo, isso aqui é uma horta, pequenos, fujam enquanto podem, não há salvação para nós, a vocês resta a janela, seus passos podem lhes dar um futuro digno sem sangue nas mãos, sem o de vocês no chão.


09/05/21
Dia das mães na roça 

Na roça, o mateiro conta para a lavradora o caso da façanha que uma galinha promoveu. 
Naquele fim de tarde da varanda de casa observava a terra, deu-se conta sobre algo extraordinário acontecendo, a galinácea voava como se estivesse numa batalha com algo entrevado no galinheiro. 
Há dias sumiu vários habitantes daquela construção, o mistério parecia então ter um fim, quando encostou e viu que uma cobra constritora envolvia a cria morta da furiosa penosa, buscou ajuda, matou a vilã. 
Admirou como o amor de uma mãe que não pôde salvar seu rebento salvou todo galinheiro. 

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